sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Natal em 25 de dezembro. Por que?


O Natal se comemora no 25 de dezembro como todos sabemos. Porém, o que muita gente não sabe é que 25 de dezembro não foi, de fato, a data exata do Nascimento de Cristo. Trata-se de uma data escolhida arbitrariamente pela Igreja para organizar os festejos do nascimento de Cristo. Não existem documentos que precisem com exatidão o nascimento do Filho de Deus. Isso se dá porque o calendário cristão, adotado hoje, foi promulgado apenas anos mais tarde, em 532 d.C., quando a Igreja Católica já era a maior instituição daquele tempo. Daí a necessidade de se escolher uma data.
O 25 de dezembro, como já falei, foi escolhida arbitrariamente, porém, não aleatoriamente.
Nos primeiros tempos do Cristianismo, o nascimento de Cristo sequer era celebrado. Haviam opositores na época como Orígenes (c. 185 – 254 d.C.) que defendia que o aniversário de Cristo não poderia ser celebrado, pois tais comemorações eram caras a deuses pagãos. Entretanto, muitos intelectuais e líderes daquela época defendiam sim que o nascimento do Messias fosse sim lembrado e celebrado pelos cristãos. Muitas datas foram propostas, pois, já naquele tempo, não se tinha mais documentos que precisassem o nascimento de Cristo com exatidão ou mesmo aproximação.
Segundo os historiadores, o 25 de dezembro partiu de um decreto do Papa Júlio I, que escolheu esta data por coincidir com outras festas pagãs que haviam naquela época, como o culto ao Deus Sol, dos romanos. A festa, dizem, se popularizou durante o reinado de Constantino (Imperador Romano), quando este se converteu ao Cristianismo sendo que, nesta altura, o cristianismo já era popular entre os romanos.
Em princípio, isso não foi consenso entre todos os cristãos. Os cristãos que não eram ligados à Roma comemoravam em 6 de janeiro. Anos mais tarde, a data foi adotada não só por católicos, mas pela grande maioria dos protestantes e hoje é popular até entre não-cristãos. Há porém, algumas exceções: os cristãos ortodoxos comemoram o Natal em 6 de janeiro e as Testemunhas de Jeová, que também são cristãos, não celebram o Natal (existe um dogma dessa religião que não permite celebrações de aniversário de nenhuma espécie).
E, na minha opinião, a data exata é o que menos interessa, afinal, mesmo que alguém descubra a data exata( que eu acho muito difícil), o 25 de dezembro vai continuar por causa da tradição. O importante é o sentido que ela traz: a chegada do homem que libertou o mundo através do amor que emana de Deus. É justamente isso que deve ser celebrado no Natal: o amor entre as pessoas. Felizmente, apesar da deturpação da data por causa do comércio e do capitalismo, as pessoas ainda celebram o amor e a solidariedade no Natal. Isso é mais importante que qualquer perfeccionismo por data.

Welton Nogueira.
Artigo publicado também em Ora píulas!

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sábado, 4 de outubro de 2008

Reforma da língua portuguesa: solução ou confusão?



Olá.
Acho oportuno falar de um tema que, sem dúvida mudara nossas vidas. As mudanças na língua portuguesa através da reforma na mesma. Reforma esta que partiu de um acordo entre todas as nações que falam a última flor do Lácio e que entram em vigor a partir do ano que vem.
E dizer que eu não concordo muito com elas, até porque o processo não foi democrático. Foi decidida por lingüistas e vai descer goela abaixo no ensino de nossas crianças e jovens. Contudo, algumas mudanças vêm realmente retirar algumas regras desnecessárias que a gente aprende só pra não levar pau na escola.
A seguir, as mudanças e, posteriormente, minhas observações sobre cada ponto:

HÍFEN

Não se usará mais:
1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e "super-revista"
2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada"

TREMA
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados

ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais para diferenciar:
1. "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição)
2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)
3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e "lo")
4. "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (combinação da preposição com o artigo)
5. "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica)

ALFABETO
Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y"

ACENTO CIRCUNFLEXO
Não se usará mais:
1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem"
2. em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo"

ACENTO AGUDO
Não se usará mais:
1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia"
2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca"
3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem

GRAFIA
No português lusitano: 1. desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo" -que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo" 2. será eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido", que serão grafadas como no Brasil -"erva" e "úmido" (Fonte: Folha Online)

Vamos, por partes, dizer o que é legal (na minha opinião, é claro) e o que não é:

Quanto a questão do hífen, não tenho reclamações. Acho até que a falta de hífen ajuda.

Quanto aos acentos diferenciais, concordo que são desnecessários, pois, somente pelo contexto em que as palavras são empregadas, dá para entender o seu sentido, razão suficiente para o acento não figurar. Neste caso, aplaudo a reforma.

As letras k, w e y, na verdade, nunca deixaram de figurar em nosso alfabeto, só não eram oficiais pelo fato de serem usado apenas em nomes estrangeiros e e alguns nomes próprios. Decisão plausível, pois partiu de uma necessidade popular.

A abolição do trema é, na minha opinião, absurda. O trema é necessário sim, porque ajuda a diferenciar as duas pronúncias geradas pelos fonemas gu e pelos dois fonemas gerados pelo qu. Como o trema já é conhecido pela nossa geração, a falta dele não vai gerar dificuldades (a não ser o estranhamento), mas as gerações futuras sofrerão para entender a diferença entre o qu de tranquilo e o qu de máquina, por exemplo. Lamentável.

Quanto à acentuação aguda:

1. Os acentos nos casos acima citados no ítem 1 são necessários, pois, embora não haja necessidade de indicar a sílaba tônica com acento, por esta estar implícita, ela é necessária para facilitar a correta pronúncia de tais palavras.

2. Nos casos citados no ítem dois da acentuação aguda, os acentos são, de fato, desnecessários, pois não influem nem na pronúncia nem na indicação de sílaba tônica. Portanto, a abolição dos acentos agudos, neste caso, tem fundamento.

3. No caso do ítem 3, os acentos devem ser abolidos, não porque eles são desnecessários, mas porque não são usuais. Eu, particularmente, nunca escrevi "apazigúe" com acento agudo e nunca tive problemas com isso. Portanto, tal mudança, neste caso específico, atende, inclusive, uma demanda antiga de nós que escrevemos.

Quanto às novas regras do acento circunflexo, elas têm fundamento, pois, realmente, os acentos não influem nem na correta pronúncia das palavras, nem na indicação de sílaba tônica. O único problema será mesmo o estranhamento por parte das pessoas que já receberam a educação antiga.

Concordando ou não com elas, o fato é que elas vão vigorar e teremos que nos adequar a elas, senão, não passaremos em vestibulares e concursos, dentre outras coisas. Eu, pelo menos, sou um pouco avesso a mudanças na língua. Vou continuar escrevendo do jeito antigo por enquanto. Só enquanto minha vida não for atrapalhada por essas mudanças.

Welton Nogueira

Postagem também publicada em meu blog pessoal, Ora píulas!

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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Alguns aspectos do estilo clariceano.


Clarice desenvolveu um estilo literário ímpar. Com livros marcados por singularidades e inovações lingüísticas, Clarice encabeça a lista dos escritores que mais incorporaram traços inéditos à literatura nacional.

A ficção clariceana se concentra nas regiões mais profundas do inconsciente, ficando em segundo plano o meio externo, pois quase tudo se resume à mente das próprias personagens. Portanto, Clarice Lispector é o principal nome de uma tendência intimista em nossa literatura. O ser, o estar no mundo, o intimismo formavam o eixo principal de questionamentos tecidos em seus romances introspectivos. Clarice não centra sua obra no social, no romance engajado, mas sim no indivíduo e suas mais íntimas aflições, reproduzindo pensamentos das personagens.

Artifício largamente utilizado por James Joyce e Proust, o fluxo da consciência marca indelevelmente a literatura de Clarice Lispector. Tal aspecto consiste em explorar a temática psicológica de modo tão profundo que o assunto nunca é completamente explorado, ou seja, as diversas possibilidades de análise psicológicas e a complexividade da temática contribuem para a inesgotabilidade do assunto.
Em Clarice, o fluxo da consciência indefine as fronteiras entre a voz do narrador e a das personagens, de modo que reminiscências, desejos, falas e ações se misturam na narrativa num jorro desarticulado, descontínuo que tem essa desordem representada por uma estrutura sintática caótica. Assim, o pensamento simplesmente flui livremente, pois as personagens não pensam de maneira ordenada, mas sim de maneira conturbada e desconexa. Portanto, é a espontaneidade da representação do pensamento das personagens que caracteriza o caos de tal marca literária.

O monólogo interior é outro artifício utilizado por Clarice que contribui para a construção da atmosfera introspectiva. Essa técnica consiste em reproduzir o pensamento da personagem que se dirige a si mesmo, ou seja, é como se o “eu” falasse pra si próprio. Registra-se, portanto, o mergulho no mundo interior da personagem que revela suas próprias emoções, devaneios, impressões, dúvidas, enfim, sua verdade interior diante do contexto que lhe é posto.

Muitos críticos afirmam que Clarice Lispector é a pioneira no emprego da epifania na prosa brasileira. “No sentido literário, a "epifania" é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que "ilumina" a vida da personagem.” Assim, pode-se dizer que nos textos de Lispector, o objetivo maior é o momento da epifania: por meio de uma espécie de revelação (o que se dá por meio de um fato inusitado), a personagem descobre que vive num mundo absurdo, causando um desequilíbrio interior que, por sua vez, provocará uma mudança radical na vida da personagem.

É também peculiaridade da autora a construção de frases inconclusas e outros desvios da sintaxe convencional, além da criação de alguns neologismos. Clarice não adota o padrão da gramática normativa, pois tem na valorização da expressividade do texto a regra primordial de sua literatura. Assim, as frases não são feitas com o rigor gramatical e coerente, mas sim com o primor e o viço da expressão artística.
Clarice Lispector vai além da moda!

Heitor Nogueira.

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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Martin Luther King: um lutador da paz


Ontem, 28 de agosto, relembramos os 45 anos do famoso discurso de Martin Luther King Jr.(1929-1968), pastor protestante e ativista norte-americano. Foi o grande líder negro americano que lutou pelos direitos da gente de sua cor, que lhes eram negados pelo mal-disfarçado apartheid norte-americano. Usava como princípio de luta a não-violência, com passeatas, protestos e boicotes. Foi famoso, por exemplo, o boicote organizado sob a liderança de Luther King ao transporte público na cidade de Montgomery, pois os negros eram obrigados a sentar atrás. A gota d'água contra esse abuso transbordou quando uma mulher negra foi presa porque não queria ceder seu assento no ônibus a uma branca. Após vários dias de protesto, a segregação no transporte público foi abolida nos EUA. Esta foi apenas uma das várias ações de Luther King para que os negros conquistassem seu lugar de direito na sociedade.
Em 1963, como já falamos acima, ele proferiu o famoso discurso, "Eu tenho um sonho" que foi a síntese de tudo o que Luther King defendia e pelo qual lutou ativamente para conquistar. Tal discurso sensibilizou o governo norte-americano e até para o mundo inteiro, fazendo com que o líder negro fosse agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
Porém, ao contrário de Luther King, seus opositores só conheciam a linguagem da violência e, no dia 4 de abril de 1968, em Memphis, foi covardemente assassinado. Morria o homem, não a causa.
Sua luta garantiu os direitos civis à população negra e influenciou até mesmo o fim do apartheid na África do Sul anos mais tarde.


Abaixo, o discurso I have a dream (Eu tenho um sonho) traduzido para o português na íntegra:

"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".

Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.

Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

"Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."
(Martin Luther King Jr.)

Welton Nogueira.

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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Curiosidades Olímpicas: Primeira medalha Olímpica do Brasil

Em clima de Olimpíadas, aproveitarei para postar sobre algumas curiosidades dos jogos.
Alguém sabe dizer de bate pronto quem foi que ganhou a primeira medalha do Brasil em Olimpíadas? E em que modalidade?
Somos conhecidos por ser o país do futebol e do vôlei. Só que nosso primeiro triunfo foi num esporte que não é lá muito conhecido e popular (embora seja praticado amadoristicamente e sem fins esportivos por muitos brasileiros). O Tiro.
Sim, e a primeira medalha foi logo a de ouro e foi conquistada por Guilherme Paraense (1884-1968).


Militar, nascido no Pará (dã), Guilherme disputou, juntamente com a equipe de tiro, as Olimpíadas da Antuérpia, de 1920, sétima olimpíada da história moderna e primeira em que o Brasil teve representantes.
A equipe de tiro teve um revés que poderia muito bem ter impedido tal façanha. As armas foram furtadas na viagem e a equipe chegou lá sem armas para disputar. E agora?
Felizmente, a gentil equipe americana de tiro, mesmo sendo adversária, cedeu suas armas aos brasileiros, para que estes pudessem concorrer na prova.
E as armas foram "pé-quente". Além da primeira de Guilherme Paraense, os atiradores brasileiros ainda trouxeram uma prata e um bronze no tiro.
Temos que destacar, além do feito dos nosso bravos soldados atletas, o espírito olímpico que fez com que os americanos ajudassem a equipe brasileira. Foi um ato nobre e que poderia muito bem ter continuado ao longo das Olímpiadas.
Maaaas, infelizmente, gestos como este não se repetem mais. Cada equipe esportiva cuida do seu e pronto. O sentimento de competição a todo custo é o que impera hoje.
E outra nota triste é que tal feito de Guilherme Paraense e seus companheiros não teve o tratamento, a homenagem e o reconhecimento merecidos. Embora na época, houve algumas ações de homenagem aos atletas, a conquista não foi bem divulgada e, com o passar dos anos, terminou praticamente esquecida. Tanto que Guilherme morreu esquecido e só teve homenagens alguns anos depois de sua morte. Mesmo assim, pouca gente, atualmente, ouviu falar dessa conquista olímpica.
E considero importante que a memória do esporte, assim como qualquer memória histórica, não seja ignorada por nós. Guilherme e seus companheiros abriram, a partir de Antuérpia, as portas para que os atletas brasileiros pudessem se destacar no maior evento esportivo do mundo. Merece sim nossa homenagem e eu já estou fazendo minha parte.
Obrigado, Guilherme Paraense.


Fontes da pesquisa:
http://www1.uol.com.br/olimpiadas/2000/historia/1920.shl
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Paraense
Home page de André Luis Ogando( neto de Guilherme Paraense)

Postagem publicada também no Ora píulas! , meu blog pessoal.

Welton Nogueira.

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sábado, 26 de julho de 2008

A importância do voto para o poder legislativo. Por que ninguem dá importância?


Como este é um ano de eleições, acho oportuno falar de um assunto sério, mas que infelizmente as pessoas não dão a devida importância. O voto para representantes do poder legislativo( no caso deste ano de 2008, vereadores).
Nota-se, que, culturalmente, brasileiro só dá importância ao voto para representantes do poder executivo (no caso das eleições deste ano, prefeitos) e é mais criterioso na escolha dele. Isso se deve a educação positivista que tivemos na infância, que valorizava os ditos "heróis nacionais". Por isso o brasileiro espera que um "salvador da pátria" assuma o poder e resolva os problemas do nosso Brasil varonil. Entretanto, negligenciam o voto para legisladores (que são em maior número e que tem sempre um maior número de candidatos). Geralmente esse voto é dado para políticos de bairro, parentes, amigos, professores e, o mais preocupante, aquele que troca o voto por alguma benfeitoria, mínima que seja, ou até brindes e presentinhos ordinários, como camiseta, chaveiro e dentaduras.
Outro fator que faz com que muitos eleitores negligenciem o voto aos legisladores é o fato de ter de votar em alguém, pois o voto é obrigatório. E, como muitos eleitores não conhecem ou tem dúvidas a respeito de voto nulo e voto em branco (confesso que eu mesmo as tenho), votam em qualquer um, ou seja, fecha os olhos e vota no primeiro número que lembrar(o voto é dado através do número do candidato).
Entretanto, o poder legislativo é quem elabora as leis. Ou seja, quem influencia a nossa vida mais diretamente são eles. São eles, na verdade, que mandam no país, já que o poder executivo apenas executa as leis e o único poder que tem a mais que os legisladores é o de sanção e o de veto.
Por isso, é importante dar a qualquer eleição de legislativo uma atenção igual ou maior do que a dispensada aos cargos do executivo. Afinal de contas, você não deixa qualquer pessoa tomando conta de seu dinheiro, sua casa ou seus filhos, por exemplo. O mesmo cuidado deve-se ter ao votar.
Por isso, pesquise sobre a vida dos candidatos. Verifique se ele tem compromisso com as questões sociais e se ele não tem passado de crimes ou corrupção. E não vote por votar. Vote com plena consciência de que escolheu a pessoa certa para cuidar de sua cidade, estado, país, seja nas eleições de executivo, seja na de legislativo.
Fica a dica.

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quarta-feira, 16 de julho de 2008

Sebastião [do Mundo] Salgado.


Nas linhas que aqui se fizeram, muito foi exposto sobre arte, seja literária, seja musical... Acho oportuno reiniciar as postagens desse blog, explanando acerca de uma arte que, a meu ver, é muito mais democrática do que qualquer outra, a imagem. A fotografia tem sua sensibilidade notada tanto pelo rico mais intelectualizado, quanto pelo pobre analfabeto. Traz em si, o que se chama de contextualização da arte com a sociedade, e essa característica é bastante pungente nas fotografias do brasileiro Sebastião Salgado.
Sebastião Salgado, mineiro, formado em Economia pela USP, iniciou seu percurso pela fotografia em uma viagem ao continente africano. É o fotógrafo brasileiro mais premiado e mais respeitado internacionalmente. Recebeu prêmios, como World Press Photo, que o firmaram como um dos mestres da fotografia documental contemporânea. Seus trabalhos documentam desde refugiados, imigrantes, crianças; até a África, megalópoles e a luta pela terra, sempre trabalhando com fotos em preto e branco. Adepto da fotografia engajada, Sebastião tece a crítica social muda, mas que salta aos olhos como se gritasse a miséria e a degradação do homem pelo próprio homem.


O fotógrafo vive atualmente na França, de onde lança seu olhar crítico, que muitos denominam de fotografia “mundo cão”, tal expressão pode agregar um caráter pejorativo ao seu trabalho, no entanto, o que suas fotografias retratam nada mais é do que o mundo, o mundo visto de perto nos seus meandros mais nus, despidos de maquiagem e de photoshop. É da lente de um brasileiro que surge a arte que choca a humanidade que se vê desumanizada.



Encerro com as palavras de Salgado:"Espero que tanto como indivíduos, grupos ou uma sociedade, façamos uma pausa para pensar na condição humana na virada do milênio. Na sua forma mais brutal, o individualismo continua sendo uma fórmula para catástrofes. É preciso repensar a forma como coexistimos no mundo."


Heitor Nogueira.

Indico: http://www.terra.com.br/sebastiaosalgado/

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terça-feira, 1 de julho de 2008

O encontro do tradicional com a modernidade na música: Cordel do Fogo Encantado


Muitos de vocês já devem ter ouvido falar neste grupo musical. Trata-se do Cordel do Fogo Encantado, conjunto musical oriundo da cidade de Arcoverde, Pernambuco. O Cordel começou como um grupo teatral em 1997, que apresentava um espetáculo que reunia música e poesia.Fundada por Lirinha, Clayton Barros e Emerson Calado, todos ligados ao teatro, o Cordel recebeu posteriormente mais dois componentes: : os percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida, e a partir daí, iniciaram sua trajetória musical que atingiu o auge nos últimos anos.
Na suas letras, o Cordel leva para a música a poesia e a magia da literatura de cordel e do cancioneiro popular. Na sua música, os ritmos tradicionais do sertão nordestino, influenciados pela música africana e até pelo rock e pelo rap, o que confere ao Cordel um quê de modernidade.
O Cordel do Fogo Encantado, portanto, traz, em um só espetáculo, vários elementos culturais: o teatro, a dança, a literatura, a poesia, a religiosidade, a cultura popular e a música, seja ela tradicional ou contemporânea.
Fica até difícil classificar o Cordel do Fogo Encantado nos rótulos musicais que conhecemos, já que eles formaram uma identidade própria. Claro que o Cordel parte de elementos pré-existentes, mas que unidos, dão corpo e alma às canções de Lirinha e seus companheiros.
E para quem ainda não conhece o Cordel, trago uma pequena amostra do trabalho do conjunto.
O nome da canção a seguir é "Palhaço do circo sem futuro".

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domingo, 22 de junho de 2008

Centenário da imigração japonesa no Brasil


Em 2008, a comunidade japonesa no Brasil celebra os 100 anos de imigração aqui em nosso país. As comemorações, que envolvem eventos culturais, incluiram a visita do príncipe japonês ao Brasil.


O marco do início da imigração japonesa foi a chegada do navio Kasato Maru no Porto de Santos, em 18 de junho de 1908. As razões da imigração foram uma crise de terras no Japão, ocasionando poucas vagas de emprego para os japoneses, que se viram obrigados a deixar o Japão. Como o Brasil tinha carência, na época, de trabalhadores da agricultura, devido à abolição da escravatura, começou a empregar imigrantes para trabalhar na terra. Entre esses imigrantes, estavam os japoneses.
Desde então, os japoneses passaram também a fazer parte importante da composição dessa miscigenação que forma o povo brasileiro.


Atualmente, percebe-se que os japoneses influenciaram até em nossos hábitos e nossa cultura. Entre as influências culturais que eles nos trouxeram, estão a culinária, a tecnologia, o esporte, e as artes.




Cresceu muito o consumo de comida japonesa (sushi e sashimi, por exemplo) por não-descendentes de nipônicos. Além disso, quem nunca cantou em um karaokê ou leu um mangá, assistiu um anime ou jogou Nintendo ou Playstation?

Os mangás e animes conquistaram seu espaço entre crianças, jovens e adultos brasileiros, especialmente depois do sucesso de Cavaleiros do Zodíaco, Yuyu Hakusho, Dragon Ball, entre outros.


E entre os esportes, destacam-se o karatê, o judô e o kung-fu, muito praticados por brasileiros.


Por tudo isso, é merecida a homenagem que está sendo prestada ao povo japonês e a comunidade japonesa no Brasil, pois eles ajudaram o nosso país a ficar ainda mais rico culturalmente.

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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Comunicação ecológica alternativa: Protesto contra uso de peles de animais em roupas.

A propaganda é um meio para se divulgar idéias para as outras pessoas. Mas não é o único. Algumas pessoas preferem ir às ruas e fazer intervenções públicas para chamar a atenção que, em condições normais, a mídia não dispensa a movimentos sociais, à ONG's e a sociedade civil organizada em geral.
E, por isso mesmo, as formas de protesto às vezes são bastante inusitadas.
Como esta que ocorreu em um parque, em Sidney, Austrália. Manisfestantes tiraram a roupa para protestar contra uso de peles de animais:

Para uns, isso é pouca vergonha, para outros, é oportunismo barato. Mas, na minha opinião é um ato político e comunicacional válido. Trata-se de uma queda de braço entre a poderosa indústria da moda, que deseja abastecer o guarda-roupa de dondocas mulheres da alta sociedade, ávidas por consumir moda chique, e de outro, pessoas conscientes de seu papel transformador e social, que desejam conservar a fauna e a flora do planeta para as gerações futuras. E reconheçamos, se continuarmos consumindo irresponsavelmente qualquer recurso natural, o planeta e a humanidade não sobreviverão.
Vou dar só um exemplo pra você ver como é absurdo estimular o uso de peles de animais para a moda chique.
Todo mundo já viu um casaco de vison, como este abaixo:

Mas pouca gente deve saber o que é um vison.
É este animal aqui:
Nessa foto, ele está aproximado, mas trata-se de um bicho minúsculo, mais um menos do tamanho de um rato. E centenas desse animais são mortos para produzir um único casaco.
Isso sem falar em outros animais que são mortos para este fim.
Diante desses fatos, você ainda acha coerente defender essas pessoas da indústria da moda?
Por isso, acho coerente o protesto dos australianos, além de criativo, já que usa até um slogan:"melhor ficar nu do que usar peles de animais".
Fonte da notícia: G1.

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sábado, 31 de maio de 2008

Documentário sobre Fernando Pessoa na TV


Olá.
Apesar de nem sempre ser a favor de divulgar programas de TV, eu julguei interessante postar sobre este aqui.
Trata-se de um programa especial sobre o poeta Fernando Pessoa, considerado o maior poeta de língua portuguesa de todos os tempos.
Fernando Pessoa, nascido em 1888 e falecido em 1935, viveu, em sua época, praticamente anônimo, tendo seu único livro publicado em português um ano antes de morrer, embora tenha deixado vários escritos(graças a Deus). Mas com certeza, foi um homem a frente de seu tempo, já que conseguiu uma façanha que é peculiar a sua obra: se desdobrou em outros "poetas", cada um com estilo próprio, sendo "ele mesmo" discípulo de um de seus heterônimos, Alberto Caeiro. Destaque também para Ricardo Reis e Álvaros de Campos, dentre muitos outros.
O programa, que estreia na Globo News, neste domingo, às 23 horas, vai contar a obra de Fernando Pessoa a partir de relatos de vários especialistas, tais como:Arnaldo Saraiva, Teresa Rita Lopes, Ivo Castro (coordenador da “Equipa Pessoa”, que está completando 20 anos de atividades), José Blanco, Amélia Pinto Pais. Ainda conta com relatos das duas únicas pessoas ainda vivas que conviveram com o poeta: sobrinha do poeta, a escritora Manuela Nogueira, e com o filho do barbeiro Manassés. Também passará por lugares onde Pessoa esteve.
O documentário consistirá em três episódios: O Mito, O Homem e O Poeta. Para mais informações, acesse o blog da série aqui.
Por isso, você, que tem acesso a Globo News, não deixe de conferir a série: Fernando Pessoa, o poeta fingidor. Com certeza, ele vai lhe fornecer um maravilhoso estudo sobre o grande poeta.

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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Literatura de Cordel.

"Sou um poeta do mato/ vivo afastado dos meios/ minha rude lira canta/casos bonitos e feios/ eu canto meus sentimentos/ e os sentimentos alheios"(Patativa do Assaré)

Trazida para cá pelos portugueses, a literatura de cordel se consolidou no Nordeste brasileiro, adquirindo características peculiares. Há indícios que remetem a origem do cordel à Portugal e Espanha, mas, ainda na Antigüidade, gregos, romanos e fenícios desenvolviam narrativas que tinham aspectos semelhantes as produzidas na Península Ibérica. Existe também a hipótese do cordel ter sido cultivado a partir do Trovadorismo da região de Provença, sul da França. Portanto, como manifestação popular, a literatura de cordel tem origem incerta, ou pelo menos controvertida, sendo uma espécie de compilação de características agregadas no decorrer do tempo, sem data, nem local definidos. Já o nome cordel, que nos foi legado de Portugal, está relacionado à forma com que os folhetos eram postos para venda: pendurados em cordões, lá chamados de cordéis.
Cordel é uma narrativa poética, cuja temática se apresenta, por demais, diversificada. A religiosidade do sertanejo, levando à mitificação de figuras como padre Cícero, o cangaço, registrando as proezas de Lampião, o adultério, permeando com marcas humorísticas os causos contados e o êxodo rural motivado pela seca são temáticas recorrentes, expressadas de maneira genuinamente nordestina, obedecendo às tradições orais do sertanejo, isto é, a espontaneidade da fala matuta.
A versatilidade do cordel é comprovada quando analisamos suas diversas finalidades Além de retratar a realidade do sertanejo, que sofre, que reza, que foge da seca, é também utilizado como recurso publicitário. Fruto de encomenda em prol do setor comercial, muitas vezes, o cordel é produzido para vincular informações sobre produtos, shoppings, supermercados e até mesmo políticos. Dessa forma, é bem verdade que o cordel perde o viço peculiar do ritual poético, para edificar figuras ideais que possam promover o consumo, conseqüentemente, o lucro.
A literatura de cordel é feita para ser cantada, ou seja, o apelo sonoro dos versos faz com que o texto só seja por completo explorado quando lido em voz alta. A rima do cordel advém da oralidade em que o cordelista constrói a narrativa. Portanto, os versos do cordel são feitos para os ouvidos, não para os olhos, daí a necessidade de se recitar.
Se os versos aguçam a audição, a xilogravura da capa oferece à visão o apuro dos cortes feitos na madeira. Produzida artesanalmente, a xilogravura apresenta-se ao leitor como uma ilustração que antecipa o conteúdo do texto, anunciando a temática a ser narrada.Veja:

A literatura de cordel exprime, de maneira singular, a rica cultura de um povo que, apesar de sofrido, tem fé e coragem para resistir ao flagelo do semi-árido nordestino. É dessa terra, longe de ser garrida, que brota a inspiração, a verdadeira Inspiração Nordestina de Patativa do Assaré, e a influência para vários poetas e prosadores como João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa.

Heitor Nogueira.

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Análise publicitária: Comercial da Sky e responsabilidade ambiental.

Olá.
Bem, alguns de vocês já devem ter visto o comercial da Sky da árvore.
Senão, veja-o agora no vídeo abaixo:




Antes de discorrer sobre ele, vamos dar os créditos do comercial:

FICHA TÉCNICA:

TÍTULO: ÁRVORE
PRODUTO: AQUISIÇÕES
CLIENTE: SKY
AGÊNCIA: GIOVANNI+DRAFTFCB
DIREÇÃO DE CRIAÇÃO: Adilson Xavier, Ricardo John e Sidney Araújo
CRIAÇÃO: Ricardo Martin

PRODUTOR AGÊNCIA/RTVC: VICTOR ALLOZA / VIVIANE GUEDES
ATENDIMENTO AGÊNCIA: Mauro Silveira, Larissa Zucatelli e Marco Aymoré
APROVAÇÃO CLIENTE: Luiz Eduardo Baptista da Rocha, Agrício Neto, Marcelo Miranda e Cristiane Stuart
PRODUTORA DO FILME: MARGARIDA FLORES E FILMES
DIREÇÃO: PEDRO BECKER / BRUNO VIANNA / GUSTAVO BRAGA
MONTAGEM: PEDRO BECKER
PÓS-PRODUÇÃO: ILEGAL FX
PRODUTORA DE SOM: HILTON RAW.

Pois bem. Este filme, como era de se esperar de um comercial, está nos apresentando um diferencial do serviço de TV a cabo Sky: o guia de programação disponível na tela, através do controle remoto.Explicando melhor o conceito, diferencial é a característica que deve orientar a preferência do consumidor por determinado produto/serviço em detrimento dos demais. E, como estamos numa época em que se discute muito a preservação do meio ambiente, a criação partiu desse mote. E agregou mais valor ainda ao diferencial: o caráter de preservação ambiental, já que a Sky não derruba árvores para confeccionar guias para divulgar a programação aos assinantes.

Ou seja, o pessoal da criação matou três coelhos com uma “caixa d’água” só: vendeu seu produto através do diferencial, agregou à empresa a imagem de preservadora do meio ambiente, que gera simpatia por parte do público e (o que mais gostei nessa história) alfinetou a concorrência.

Os temas meio ambiente e responsabilidade ambiental estão sendo muito explorados. Porém, apesar dessa recorrência, são bem aceitos pelo público. E o comercial da Sky, na minha opinião não foi mais um. A criação explorou o tema com bastante sabedoria e visão de ambiente social e de mercado.

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terça-feira, 27 de maio de 2008

Festival de cultura da UFC: Ecos de 68


Desde ontem, 26 de maio está rolando,na Universidade Federal do Ceará,em Fortaleza, um grande evento de arte e cultura. É o "Ecos de 68", que está celebrando os quarenta anos do maio de 68. No ano de 1968 e pricipalmente no mês de maio, houve grande efervescência nos movimentos sociais, estudantis e culturais. E foi feito por pessoas como nós, que tinham um sonho (é só lembrar de Martim Luther King). O sonho da liberdade, dos direitos alcançados e da melhoria de vida para o povo.
Para relembrar esse momento na história e até para despertar em nós o espírito revolucionário, haverá palestras, seminários, exposição e Festival de música e de poesia, com a temática do maio de 68.Tanto o festival de música com o de poesia consistem em criações produzidas pelos próprios alunos da UFC e inclui até premiação e a publicação das obras em forma de coletânea para os melhores.
O evento também conta com uma programação cultural com shows gratuitos para a comunidade acadêmica e estudantil. O show de abertura foi o de Fernanda Takai, cantando músicas do seu álbum solo. Eu fui ao show e foi um dos melhores que já presenciei.A cantora Fernanda Takai

Confira as próximas atrações principais.
Terça: Pessoal do Ceará e Maracatu Vigna Vulgaris.
Quarta: Bolacha Preta e Cabruera
Quinta: Parayba & Companhia Bate Palmas e Cidadão instigado.
Sexta: Pancth e a rochas e o cantor Otto


O cantor Otto é uma das atrações mais esperadas.

Juntamente com essas atrações, as bandas e músicas inscritas para o Festival de Música (os doze melhores vão ter suas músicas na coletânea do Ecos de 68) tocarão terça, quarta e quinta. A banda com a música vencedora voltará a tocar na sexta.
Relação dos concorrentes no Festival de Música e Festival de poesia e programação completa no site: http://www.festivalufcdecultura.ufc.br/.
Se você mora em Fortaleza, não deixe de conferir a programação.

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sábado, 24 de maio de 2008

Um século de vida em obra.



Bem, meu primeiro post no blog...Resolvi abrir uma série de post’s sobre Machado, já que o momento é bastante oportuno.A data que se cumprirá em 29 de setembro desse ano marcará cem anos de sua morte. Tido pela maior parte da crítica como o mais importante intelectual da Literatura Brasileira,Joaquim Maria Machado de Assis produziu textos nos mais variados gêneros (romance, conto, poesia, crônica ).E é através desses textos que Machado cria uma nova linguagem que ainda hoje inspira muitos escritores do porte de Gabriel García Márquez.
Nessas linhas, não vamos nos ater as divisões ortodoxas, nem as características triviais de sua obra. Temos por escopo(objetivo) tentar responder a seguinte indagação: o que faz a obra de Machado de Assis ser lida e estudada após cem anos de sua morte? Para responder a pertinente questão, faremos uma explanação que envolverá aspectos biográficos, históricos e estéticos, que são singulares em sua obra, contribuindo para sua atemporalidade.
Para tecer considerações sobre a obra literária de Machado, é de extrema relevância pontuar alguns aspectos biográficos, mas é importante destacar que faremos menção aos aspectos que incutem influência em sua obra, deixando de lado a mera curiosidade de leitor. Posto isto, veremos que o fato de Machado ser gago e epilético não traz auxílio à interpretação de sua literatura, isso só alimenta a já referida curiosidade que extrapola o interesse desse texto.
Cabe-nos destacar que Machado nasceu no morro do Livramento (subúrbio do Rio de Janeiro), teve pai negro, pintor de paredes, e mãe portuguesa, lavadeira. Tais informações revelam a condição social do escritor, pois, sendo ele mulato e pobre, teve contato direto com a margem social carioca. Dessa forma, incide na sua obra, essencialmente realista, temáticas que mantêm coerência entre a sua ficção e a sociedade de classes carioca. Essas características biográficas acentuam sua sensibilidade. Pelo fato de ter vivido nessas circunstâncias, a visão machadiana do mundo não é restrita a aristocracia, nem mesmo, aos oprimidos, pois o aparato temático de sua literatura nos traz uma visão global, panorâmica, da sociedade. Dessa forma, ele é o nome da literatura que conseguiu captar o Brasil de maneira mais completa.
Do ponto de vista histórico-literário, a obra de Machado de Assis é uma reflexão sobre vários momentos da história brasileira. Dentre os acontecimentos do século XIX, Machado registra em sua ficção a Abolição dos escravos, os partidos da República, a corte no Segundo Reinado... Ele achava que a abolição dos escravos marcava a substituição de um sistema opressor por outro.Ainda na perspectiva história, podemos destacar que é atribuído ao romance Memórias Póstumas de Brás Cubas o marco inicial da estética realista no Brasil. Também é histórica a sua participação na fundação da Academia Brasileira de Letras, tornando-se seu primeiro presidente.
Sobre as temáticas,faz-se notar que são dotadas de universalidade, ou seja, os temas abordados em sua literatura são comuns aos homens de toda parte, isto é, em sua expressão literária, retrata a essência humana. Dentre tais temáticas destacamos: o amor passional, o ciúme, a morte, a firmação pessoal, a relação entre o ser e o parecer, a burguesia em ascensão... Ao escolher essas temáticas, o Bruxo do Cosme Velho (apelido de Machado, pois foi nessea rua que passou a maior parte de sua existência), desenvolve motivos que, ao mesmo tempo em que retratam o presente, fazem referência ao passado e se projetam para o futuro. Esse é um dos fatores que explica a atualidade de sua obra no mundo literário.
Não é porque Machado retrata sua época que ficará preso em um viés semântico.Pelo contrário, ao dizer de um tempo, diz de todos os tempos, integrando presente, passado e futuro. Portanto, a linguagem polissêmica assegura à sua literatura a permanência e atemporalidade.Parte da multissignificação, a ambigüidade que inquieta seus leitores. No romance Dom Casmurro, Machado trata do possível adultério de Capitu. É uma das obras literárias brasileiras mais abertas a interpretação, porque o escritor deixou em suspense ao longo da narrativa a suposta traição da mulher de Bentinho com Escobar. Portanto, não temos elementos satisfatórios para uma resposta positiva nem negativa, o que caracteriza a ambigüidade.
Disse Machado de Assis a Taunay em uma das visitas à redação da Revista Brasileira: “Detesto escritor que me diz tudo.”. Ele fez questão de nunca dizer tudo aos seus leitores, pois era no implícito, no subentendido que ele edificava sua ficção. Através de elipses, ironias e digressões (comentários paralelos à narrativa) que Machado formatava enigmas a serem desvendados(ou não) pelos seus leitores.
A verossimilhança, qualidade do que está próximo da verdade, é uma estratégia muito freqüente na obra machadiana que aproxima o leitor da narrativa, por intermédio de pontos comuns entre a realidade e a ficção. Dessa forma, Machado de Assis constrói uma coerência interna, peculiar da ficção, situando a obra entre o real/verdade e o imaginário/ mentira.
Nessa perspectiva, Machado não constrói suas letras na obviedade da literatura engajada, mas sim na sutil crítica a estrutura social brasileira (agrária, escravocrata, conservadora). Suas meias palavras são mais devastadoras do que qualquer crítica direta desprovida do viço ficcional.
Na produção de contos, Machado destaca as relações humanas em âmbito de universalização. Desse modo, o triângulo amoroso do conto “A Cartomante”, a atmosfera de sedução do conto “Missa do Galo”, a crítica a afirmação pessoal do conto “O Espelho”, partilham do que se diz comum ao homem de qualquer parte do mundo. Em seus contos, o que importa é ainda o sentir das personagens, mais do que as ações, a trama, o espaço. Nesse sentido, Machado é fonte inspiradora para as gerações seguintes de contistas.
Por fim, é mister concluir que toda sua trajetória , o talento, o apuro da técnica ficcional, a qualidade estética contribuem para sua imortalidade na Literatura. Portanto, esse século transcorrido da morte de Machado de Assis tem mais é que ser celebrado como vida de uma obra literária imponente.

Heitor Nogueira.

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sexta-feira, 23 de maio de 2008

A linguagem da publicidade na simplicidade-grandiosidade de Washington Olivetto

Olá.
Para quem não me conhece ainda, sou Welton Nogueira e estudo Comunicação Social.
Quero, primeiramente, agradecer ao meu mui estimado primo-irmão-amigo Heitor Nogueira por me ceder este espaço em seu blog. Inclusive, como gratidão, eu concebi o banner do título do blog. Sobre tal criação, discorrerei no meu outro blog, "O desenheiro".
Mas chega falar água. Vamos ao tema.
Todo mundo, se não conhece, já ouviu falar no trabalho de Washigton Olivetto e, com certeza, já viu um comercial dele. O mais famoso redator publicitário do Brasil e da América Latina. Como este é um blog sobre arte e cultura, e propaganda também é arte, pois mexe com as diversas linguagens, falarei sobre um trabalho específico dele.


Quem viveu na década de oitenta, como eu, vai lembrar do comercial do "primeiro sutiã" da Valisére. (Clique na imagem acima para ver o comercial). Percebe-se ao ver o comercial que Washington utiliza uma linguagem simples, cotidiana, afinal, toda criança que vira adolescente passa por essa transição traumática(sei porque moro com 3 mulheres aqui). Na época, as mocinhas não apreciavam a idéia de crescer e muitas vezes rejeitavam a idéia de usar sutiã. Foi desse mote que Washington se serviu para redigir o texto do primeiro sutiã, que gerou o comercial. Ele explorou o medo, a inocência e a candura para tornar o sutiã um produto simpático, que transforma o medo em curiosidade e posteriormente em segurança e confiança. Além disso, sempre em suas propagandas, Washington utiliza-se de uma linguagem emocional , que passa uma sensação de humanidade ao público que assiste. Isso é muito perceptível no slogan "o primeiro Valisére a gente nunca esquece", já que a nostalgia é um dos sentimentos humanos mais bonitos. Sem fazer nenhuma mega-produção, Washington consegue vender sua idéia apenas pelo seu caráter de intensa proximidade afetiva com o público. Assim, dentre outros comerciais, "o primeiro sutiã" entrou para a história como um dos maiores clássicos da propaganda brasileira.
Pena que, hoje em dia, perdeu-se a pureza nas propagandas para crianças. O que se vê hoje é a vulgarização e a erotização precoce de nossas crianças, que as impede de terem infância plenamente. Cabe a nós, publicitários, tentar reverter essa situação, o que é muito difícil nos dias de hoje devido a pressão do mercado.
Mas quem tem dedicação e talento, como Washington, por exemplo, consegue, a um só tempo, dizer sua mensagem de acordo com a ética e os bons costumes, agradar ao cliente que contrata o comercial e conquistar a confiança e o carinho do público.

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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Prólogo

Cultura: música, literatura(fanzine, cordel, conto, romance, poesia, haicai, [auto]biografia, crônica...), pintura, escultura, desenho, xilogravura, cinema, teatro, história, arte, direito, arqueologia, dança, retórica, sociologia, antropologia, filosofia, economia, moda, fotografia, arquitetura, [des]informação, política, globo(globo?!)...

Erga Omnes: em latim, contra todos, o que gera efeito para todos!Essa expressão dá a prerrogativa do ilimitado às linhas que aqui se farão!



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