sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Martin Luther King: um lutador da paz
Ontem, 28 de agosto, relembramos os 45 anos do famoso discurso de Martin Luther King Jr.(1929-1968), pastor protestante e ativista norte-americano. Foi o grande líder negro americano que lutou pelos direitos da gente de sua cor, que lhes eram negados pelo mal-disfarçado apartheid norte-americano. Usava como princípio de luta a não-violência, com passeatas, protestos e boicotes. Foi famoso, por exemplo, o boicote organizado sob a liderança de Luther King ao transporte público na cidade de Montgomery, pois os negros eram obrigados a sentar atrás. A gota d'água contra esse abuso transbordou quando uma mulher negra foi presa porque não queria ceder seu assento no ônibus a uma branca. Após vários dias de protesto, a segregação no transporte público foi abolida nos EUA. Esta foi apenas uma das várias ações de Luther King para que os negros conquistassem seu lugar de direito na sociedade.
Em 1963, como já falamos acima, ele proferiu o famoso discurso, "Eu tenho um sonho" que foi a síntese de tudo o que Luther King defendia e pelo qual lutou ativamente para conquistar. Tal discurso sensibilizou o governo norte-americano e até para o mundo inteiro, fazendo com que o líder negro fosse agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
Porém, ao contrário de Luther King, seus opositores só conheciam a linguagem da violência e, no dia 4 de abril de 1968, em Memphis, foi covardemente assassinado. Morria o homem, não a causa.
Sua luta garantiu os direitos civis à população negra e influenciou até mesmo o fim do apartheid na África do Sul anos mais tarde.
Abaixo, o discurso I have a dream (Eu tenho um sonho) traduzido para o português na íntegra:
"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.
Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.
De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".
Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.
Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.
Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.
E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"
Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.
Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.
Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.
"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.
Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,
De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"
E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.
E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.
Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.
Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.
Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.
Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.
Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.
Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.
Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.
Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.
E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:
"Livre afinal, livre afinal.
Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal." (Martin Luther King Jr.)
Welton Nogueira.
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Welton Nogueira
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sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Curiosidades Olímpicas: Primeira medalha Olímpica do Brasil
Em clima de Olimpíadas, aproveitarei para postar sobre algumas curiosidades dos jogos.
Alguém sabe dizer de bate pronto quem foi que ganhou a primeira medalha do Brasil em Olimpíadas? E em que modalidade?
Somos conhecidos por ser o país do futebol e do vôlei. Só que nosso primeiro triunfo foi num esporte que não é lá muito conhecido e popular (embora seja praticado amadoristicamente e sem fins esportivos por muitos brasileiros). O Tiro.
Sim, e a primeira medalha foi logo a de ouro e foi conquistada por Guilherme Paraense (1884-1968).
Militar, nascido no Pará (dã), Guilherme disputou, juntamente com a equipe de tiro, as Olimpíadas da Antuérpia, de 1920, sétima olimpíada da história moderna e primeira em que o Brasil teve representantes.
A equipe de tiro teve um revés que poderia muito bem ter impedido tal façanha. As armas foram furtadas na viagem e a equipe chegou lá sem armas para disputar. E agora?
Felizmente, a gentil equipe americana de tiro, mesmo sendo adversária, cedeu suas armas aos brasileiros, para que estes pudessem concorrer na prova.
E as armas foram "pé-quente". Além da primeira de Guilherme Paraense, os atiradores brasileiros ainda trouxeram uma prata e um bronze no tiro.
Temos que destacar, além do feito dos nosso bravos soldados atletas, o espírito olímpico que fez com que os americanos ajudassem a equipe brasileira. Foi um ato nobre e que poderia muito bem ter continuado ao longo das Olímpiadas.
Maaaas, infelizmente, gestos como este não se repetem mais. Cada equipe esportiva cuida do seu e pronto. O sentimento de competição a todo custo é o que impera hoje.
E outra nota triste é que tal feito de Guilherme Paraense e seus companheiros não teve o tratamento, a homenagem e o reconhecimento merecidos. Embora na época, houve algumas ações de homenagem aos atletas, a conquista não foi bem divulgada e, com o passar dos anos, terminou praticamente esquecida. Tanto que Guilherme morreu esquecido e só teve homenagens alguns anos depois de sua morte. Mesmo assim, pouca gente, atualmente, ouviu falar dessa conquista olímpica.
E considero importante que a memória do esporte, assim como qualquer memória histórica, não seja ignorada por nós. Guilherme e seus companheiros abriram, a partir de Antuérpia, as portas para que os atletas brasileiros pudessem se destacar no maior evento esportivo do mundo. Merece sim nossa homenagem e eu já estou fazendo minha parte.
Obrigado, Guilherme Paraense.
Fontes da pesquisa:
http://www1.uol.com.br/olimpiadas/2000/historia/1920.shl
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Paraense
Home page de André Luis Ogando( neto de Guilherme Paraense)
Postagem publicada também no Ora píulas! , meu blog pessoal.
Welton Nogueira.
Alguém sabe dizer de bate pronto quem foi que ganhou a primeira medalha do Brasil em Olimpíadas? E em que modalidade?
Somos conhecidos por ser o país do futebol e do vôlei. Só que nosso primeiro triunfo foi num esporte que não é lá muito conhecido e popular (embora seja praticado amadoristicamente e sem fins esportivos por muitos brasileiros). O Tiro.
Sim, e a primeira medalha foi logo a de ouro e foi conquistada por Guilherme Paraense (1884-1968).
Militar, nascido no Pará (dã), Guilherme disputou, juntamente com a equipe de tiro, as Olimpíadas da Antuérpia, de 1920, sétima olimpíada da história moderna e primeira em que o Brasil teve representantes.
A equipe de tiro teve um revés que poderia muito bem ter impedido tal façanha. As armas foram furtadas na viagem e a equipe chegou lá sem armas para disputar. E agora?
Felizmente, a gentil equipe americana de tiro, mesmo sendo adversária, cedeu suas armas aos brasileiros, para que estes pudessem concorrer na prova.
E as armas foram "pé-quente". Além da primeira de Guilherme Paraense, os atiradores brasileiros ainda trouxeram uma prata e um bronze no tiro.
Temos que destacar, além do feito dos nosso bravos soldados atletas, o espírito olímpico que fez com que os americanos ajudassem a equipe brasileira. Foi um ato nobre e que poderia muito bem ter continuado ao longo das Olímpiadas.
Maaaas, infelizmente, gestos como este não se repetem mais. Cada equipe esportiva cuida do seu e pronto. O sentimento de competição a todo custo é o que impera hoje.
E outra nota triste é que tal feito de Guilherme Paraense e seus companheiros não teve o tratamento, a homenagem e o reconhecimento merecidos. Embora na época, houve algumas ações de homenagem aos atletas, a conquista não foi bem divulgada e, com o passar dos anos, terminou praticamente esquecida. Tanto que Guilherme morreu esquecido e só teve homenagens alguns anos depois de sua morte. Mesmo assim, pouca gente, atualmente, ouviu falar dessa conquista olímpica.
E considero importante que a memória do esporte, assim como qualquer memória histórica, não seja ignorada por nós. Guilherme e seus companheiros abriram, a partir de Antuérpia, as portas para que os atletas brasileiros pudessem se destacar no maior evento esportivo do mundo. Merece sim nossa homenagem e eu já estou fazendo minha parte.
Obrigado, Guilherme Paraense.
Fontes da pesquisa:
http://www1.uol.com.br/olimpiadas/2000/historia/1920.shl
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Paraense
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Welton Nogueira.
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Welton Nogueira
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