Bem, meu primeiro post no blog...Resolvi abrir uma série de post’s sobre Machado, já que o momento é bastante oportuno.A data que se cumprirá em 29 de setembro desse ano marcará cem anos de sua morte. Tido pela maior parte da crítica como o mais importante intelectual da Literatura Brasileira,Joaquim Maria Machado de Assis produziu textos nos mais variados gêneros (romance, conto, poesia, crônica ).E é através desses textos que Machado cria uma nova linguagem que ainda hoje inspira muitos escritores do porte de Gabriel García Márquez.
Nessas linhas, não vamos nos ater as divisões ortodoxas, nem as características triviais de sua obra. Temos por escopo(objetivo) tentar responder a seguinte indagação: o que faz a obra de Machado de Assis ser lida e estudada após cem anos de sua morte? Para responder a pertinente questão, faremos uma explanação que envolverá aspectos biográficos, históricos e estéticos, que são singulares em sua obra, contribuindo para sua atemporalidade.
Para tecer considerações sobre a obra literária de Machado, é de extrema relevância pontuar alguns aspectos biográficos, mas é importante destacar que faremos menção aos aspectos que incutem influência em sua obra, deixando de lado a mera curiosidade de leitor. Posto isto, veremos que o fato de Machado ser gago e epilético não traz auxílio à interpretação de sua literatura, isso só alimenta a já referida curiosidade que extrapola o interesse desse texto.
Cabe-nos destacar que Machado nasceu no morro do Livramento (subúrbio do Rio de Janeiro), teve pai negro, pintor de paredes, e mãe portuguesa, lavadeira. Tais informações revelam a condição social do escritor, pois, sendo ele mulato e pobre, teve contato direto com a margem social carioca. Dessa forma, incide na sua obra, essencialmente realista, temáticas que mantêm coerência entre a sua ficção e a sociedade de classes carioca. Essas características biográficas acentuam sua sensibilidade. Pelo fato de ter vivido nessas circunstâncias, a visão machadiana do mundo não é restrita a aristocracia, nem mesmo, aos oprimidos, pois o aparato temático de sua literatura nos traz uma visão global, panorâmica, da sociedade. Dessa forma, ele é o nome da literatura que conseguiu captar o Brasil de maneira mais completa.
Do ponto de vista histórico-literário, a obra de Machado de Assis é uma reflexão sobre vários momentos da história brasileira. Dentre os acontecimentos do século XIX, Machado registra em sua ficção a Abolição dos escravos, os partidos da República, a corte no Segundo Reinado... Ele achava que a abolição dos escravos marcava a substituição de um sistema opressor por outro.Ainda na perspectiva história, podemos destacar que é atribuído ao romance Memórias Póstumas de Brás Cubas o marco inicial da estética realista no Brasil. Também é histórica a sua participação na fundação da Academia Brasileira de Letras, tornando-se seu primeiro presidente.
Sobre as temáticas,faz-se notar que são dotadas de universalidade, ou seja, os temas abordados em sua literatura são comuns aos homens de toda parte, isto é, em sua expressão literária, retrata a essência humana. Dentre tais temáticas destacamos: o amor passional, o ciúme, a morte, a firmação pessoal, a relação entre o ser e o parecer, a burguesia em ascensão... Ao escolher essas temáticas, o Bruxo do Cosme Velho (apelido de Machado, pois foi nessea rua que passou a maior parte de sua existência), desenvolve motivos que, ao mesmo tempo em que retratam o presente, fazem referência ao passado e se projetam para o futuro. Esse é um dos fatores que explica a atualidade de sua obra no mundo literário.
Não é porque Machado retrata sua época que ficará preso em um viés semântico.Pelo contrário, ao dizer de um tempo, diz de todos os tempos, integrando presente, passado e futuro. Portanto, a linguagem polissêmica assegura à sua literatura a permanência e atemporalidade.Parte da multissignificação, a ambigüidade que inquieta seus leitores. No romance Dom Casmurro, Machado trata do possível adultério de Capitu. É uma das obras literárias brasileiras mais abertas a interpretação, porque o escritor deixou em suspense ao longo da narrativa a suposta traição da mulher de Bentinho com Escobar. Portanto, não temos elementos satisfatórios para uma resposta positiva nem negativa, o que caracteriza a ambigüidade.
Disse Machado de Assis a Taunay em uma das visitas à redação da Revista Brasileira: “Detesto escritor que me diz tudo.”. Ele fez questão de nunca dizer tudo aos seus leitores, pois era no implícito, no subentendido que ele edificava sua ficção. Através de elipses, ironias e digressões (comentários paralelos à narrativa) que Machado formatava enigmas a serem desvendados(ou não) pelos seus leitores.
A verossimilhança, qualidade do que está próximo da verdade, é uma estratégia muito freqüente na obra machadiana que aproxima o leitor da narrativa, por intermédio de pontos comuns entre a realidade e a ficção. Dessa forma, Machado de Assis constrói uma coerência interna, peculiar da ficção, situando a obra entre o real/verdade e o imaginário/ mentira.
Nessa perspectiva, Machado não constrói suas letras na obviedade da literatura engajada, mas sim na sutil crítica a estrutura social brasileira (agrária, escravocrata, conservadora). Suas meias palavras são mais devastadoras do que qualquer crítica direta desprovida do viço ficcional.
Na produção de contos, Machado destaca as relações humanas em âmbito de universalização. Desse modo, o triângulo amoroso do conto “A Cartomante”, a atmosfera de sedução do conto “Missa do Galo”, a crítica a afirmação pessoal do conto “O Espelho”, partilham do que se diz comum ao homem de qualquer parte do mundo. Em seus contos, o que importa é ainda o sentir das personagens, mais do que as ações, a trama, o espaço. Nesse sentido, Machado é fonte inspiradora para as gerações seguintes de contistas.
Por fim, é mister concluir que toda sua trajetória , o talento, o apuro da técnica ficcional, a qualidade estética contribuem para sua imortalidade na Literatura. Portanto, esse século transcorrido da morte de Machado de Assis tem mais é que ser celebrado como vida de uma obra literária imponente.
A verossimilhança, qualidade do que está próximo da verdade, é uma estratégia muito freqüente na obra machadiana que aproxima o leitor da narrativa, por intermédio de pontos comuns entre a realidade e a ficção. Dessa forma, Machado de Assis constrói uma coerência interna, peculiar da ficção, situando a obra entre o real/verdade e o imaginário/ mentira.
Nessa perspectiva, Machado não constrói suas letras na obviedade da literatura engajada, mas sim na sutil crítica a estrutura social brasileira (agrária, escravocrata, conservadora). Suas meias palavras são mais devastadoras do que qualquer crítica direta desprovida do viço ficcional.
Na produção de contos, Machado destaca as relações humanas em âmbito de universalização. Desse modo, o triângulo amoroso do conto “A Cartomante”, a atmosfera de sedução do conto “Missa do Galo”, a crítica a afirmação pessoal do conto “O Espelho”, partilham do que se diz comum ao homem de qualquer parte do mundo. Em seus contos, o que importa é ainda o sentir das personagens, mais do que as ações, a trama, o espaço. Nesse sentido, Machado é fonte inspiradora para as gerações seguintes de contistas.
Por fim, é mister concluir que toda sua trajetória , o talento, o apuro da técnica ficcional, a qualidade estética contribuem para sua imortalidade na Literatura. Portanto, esse século transcorrido da morte de Machado de Assis tem mais é que ser celebrado como vida de uma obra literária imponente.
Heitor Nogueira.
7 Digressões
belo texto.
forneceu-nos uma visão geral do grande Machado.
mas vou te dar uma dica.
no próximo post tente enxugar mais o texto.
textos longos demais na internet causam cansaço.
mas mto bom este post.
O cara era genial.
Agora me diga, Capitu traiu ou não traiu?
abraços
Belo texto.
Amei a postagem vc está de parabéns mesmo o Machado merece tanta estima!
Porém tbm fico com a dica do Welton, mas eu tbm me impolgo as vezes e esqueço que estou escrevendo para internautas rsrs
Abração!
http://zanny10narede.blogspot.com/
VOu ser sincero, embora seja um grande brasileiro mas não curti as obras dele. Tem gosto para tudo e devemos respeitar.
O importante neste começo de século XXI é continuar enxergando, mas enxergar diferente, buscando novas formas de se pensar a obra de Machado de Assis, justificando sua literatura como universal e atemporal.
Eu prefiro coisas mais modernas, francamente.
Mas não posso deixar de admirar as obras dele, tanto pela quantidade como pela quailidade.